Quem será o nosso próximo?
Será que só são aqueles que pensam redondinhos como nós? Ou também, aqueles que acham que somos mentecaptos, desinteressantes, sonsinhos, pacóvios, intolerantes e que nos querem ver pelas costas; ou aqueloutros, que não tem onde se recolherem do sol e da chuva, e que andam pelos contentores dos supermercados em busca de algo que lhes encha o estomago; ou ainda, os que se diferenciam de nós por conceitos de vida?
Todos adviemos de Adão e Eva, logo somos próximos uns dos outros. Não importa se rico, se pobre, se estrábico, se com boa visão, se intelectual, se analfabeto, se briguento, se pacato, se provenientes desta ou daquela latitude, somos de facto raça humana.
Em resposta a esta mesma pergunta, Jesus Cristo respondeu com a seguinte parábola: – “Um homem descia de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o deixaram-no meio morto. Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo. De igual modo também um levita, chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão; e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para a estalagem e cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele.” (Lc. 10:30-37)
Jesus Cristo nesta parábola de uma forma simples alerta para que se siga o exemplo do samaritano, que o fez sem olhar aquém.
Na medida, em que muita das vezes somos tentados a diferenciar consoante as categorias que achamos para nós por mais próximas. Isto é: se for um familiar é um próximo; se for um mendigo da rua… já olhamos com uma carga de ceticismo, … hum…, será que não me estás a fintar? É verdade que também pode acontecer. Mas…, e se for verdade, e aquela pessoa precisar efetivamente de ajuda? De certo modo aos olhos de Deus seremos responsabilizados por aquilo que podíamos fazer e não fizemos.
Também é um facto, que vivemos numa sociedade estabelecida por lei de origem multiétnica, mas aceitamos isso por estar na lei, ou por ser uma questão de princípio de vida? Esse princípio tem que fazer parte da nossa razão de ser, da nossa essência. Quando não, em que é que ficamos?
Outra situação, ainda que o meu vizinho me ache intolerável, um pacóvio, um amem, ele continuará a ser o meu próximo. Não é por causa disso que o devo rejeitar a doar-me com amor cristão. Se ele precisa de ajuda, devo prestar.
De igual modo, eu posso repudiar o conceito vida do outro, mas isso não obsta a que ele continue a ser o meu próximo.
Também, ainda que o outro seja um morador de rua, um malcheiroso, continua a ser meu próximo. O que desde logo e por amor cristão, devo ajudá-lo. Esse modo de estar na vida deve ser o fio condutor.
Note-se que na parábola apresentada por Jesus, o samaritano não prestou ajuda ao necessitado por o conhecer, nem por saber se ele era ou não era uma boa pessoa, se tinha ou não tinha dinheiro, se gostava ou não gostava dos samaritanos, se era ou não era uma pessoa grata, se alguém estava a ver ou não. Ele simplesmente se interessou pelo outro, pela momentânea necessidade daquele.
Graça e Paz!
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