Skip to content

VOU QUEIXAR-ME

Vou queixar-me ao presidente, governador, polícia, chefe, mestre, patrão, presbítero, papa, sei lá quem…, mas vou queixar-me.

De mim não se fica a rir.

– Ainda que as tuas queixas sejam pertinentes, julgas que alguém te vai ouvir?

– Se vão!

Nem que para isso tenha que virar tudo do avesso.

– Pois! Pois!

Vais é perceber que `a mais das vezes´ a safadeza anda de braço dado com um conjunto de relatórios na dança do faz-de-conta, até que te satures e conformes.

– Macacos me mordam, se me fico com tamanho desaforo.

– Olha o que aconteceu ao Pipas! Depois de se consumir com idas e voltas ao julgado de paz, acabou a desembolsar umas boas notas, com causa nas custas do processo. E com tudo isso ainda hoje não deixou de moer e remoer o acontecido, e sentir-se profundamente injustiçado.

– Mas é por causa dos conformados como tu, que pessoas como aquela que me pantominou continuam a fazê-lo com a maior cara de pau.  

– Achas, mesmo, que todo esse teu resfolgo servirá de exemplo para que o mundo mude? O que eu acho, é que essa persistência vai levar-te a nervosismo incontido, com influência negativa no teu modo de agir.

Deixa que as labaredas se apaguem, e talvez possas extrair algo de edificante em tudo isso.

– O quê?

Estás a brincar!

– Repara…, não fostes tu que ludibriastes. Mas fostes, sim, o ludibriado.

– E em que é que essa conclusão me reconforta?

Com todo esse teu discurso, ainda acabo por me sentir agressor e não vítima.

– Não! Não é isso que te quero dizer. Mas, sim, que lhe perdoes.

– Como, assim… Perdoar-lhe?

– Sim! Ao perdoares-lhe vais-te libertar desse sentimento de desconforto. Desse mal-estar progressivo; dessa desinteligência com tudo e com todos.

A vida são dois dias.

– Lá vens tu, com esse teu discurso religioso. O nosso mundo vive alheado dos valores espirituais, por confrontação com a realidade cognitiva suportada em cada ação.

– Pois!… a vida é muito mais do que a realidade conferível de que dás conta. A vida material e espiritual, encaram-se na vantagem do conhecimento que vai além do entendimento terreno. Se Deus – um ser perfeito – te diz que deves perdoar, porque não o fazes? Nem que seja para ver se a tua ação, provoca uma reação. Ou tens medo de te render? Deus em seu agir, toca o coração dos homens como lhe aprouver.

– Olha! Olha!

Mas tu achas que o tal – Ser Perfeito – não tem mais com que se preocupar, para se inquietar com a minha queixa?

– É isso mesmo!

Deus preocupa-se com todas as tuas razões. Com o modo como interpretas os relacionamentos que te envolvem diretamente e indiretamente, às razões pela qual Ele espera faças a Sua vontade, sem contestação. Ele é o princípio e o fim, sem o qual o que existe não existiria.

– Queres dizer-me que a safadeza que me fizeram, foi na exata medida da ação para que me falasses Dele, como desafio à sua vontade?

– Ora, vez, como estás a entender!

Segundo um provérbio popular “o homem propõe, mas Deus dispõe”. Agora entendes a singularidade com que Deus age? Tudo é do Seu conhecimento, e tudo está debaixo do Seu controlo.

Assim, a lógica humana não tem sempre ao seu dispor todas as variáveis a ter em conta.

Published inTextos Cristãos

Be First to Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *