O dia estava soalheiro, o senhor X olhou o relógio de pulso e verificou que faltavam precisamente noventa minutos para apanhar o voo com destino a Nova Iorque. Relaxou, pegou na mala de viagem e na sua pasta de executivo com os documentos de suporte para a viagem de negócios em vista, e foi direito a um dos balcões para despachar as bagagens.
Depois do despacho bebeu um café, comprou o jornal para passar o tempo entretido até que se abriu a porta de embarque. Juntou-se aos outros passageiros e ao entrar no avião foi como todos os outros, saudado pelo comandante de voo e hospedeiras, sendo que uma, ou duas, simpaticamente iam indicando os respetivos lugares dos passageiros.
Sentou-se no seu lugar, que era junto a uma das janelas que lhe permitiria ver a terra a ficar para traz, consoante a decolagem e estabilização da nave em rota.
Já estava sentado quando chegou o individuo que viajaria a seu lado. Esboçou um sorriso a modos de cumprimento, colocou a bagagem de mão no seu lugar e sentou-se despreocupado.
Cumpridas as formalidades sinaléticas por uma hospedeira (portas de saída, wc, dispositivo oxigénio, etc. etc.) o avião fez-se à pista e num ápice estava no ar. Altura em que o comandante desejou boa-viagem, e os passageiros retiraram os cintos de segurança.
O senhor X chamou a hospedeira, e pediu que lhe servisse um drink. Enquanto pegava na pasta dos documentos para os estudar novamente, uma vez que tinha uma reunião de negócios muito importante logo que chegasse.
Por sua vez, o individuo que viajava sentado ao seu lado, o senhor Y, recostou-se no assento pegou num livro de capa preta e começou a lê-lo, ignorando tudo o que se passava ao redor.
Entretanto, a hospedeira perguntou se desejava beber alguma coisa? Respondeu-lhe que não!
A determinada altura, o avião entrou em zona de turbulência. Fez-se ouvir a voz do comandante a pedir para que os passageiros apertassem os cintos, que se sentassem e que se mantivessem em sossego. Porém, as hospedeiras entre solavancos procuravam acalmar os passageiros, mas a turbulência aumentava a cada momento, os trovões, os relâmpagos, as nuvens escuras faziam-se notados, a ponto de as hospedeiras terem que se aprisionar nos seus assentos, tal a agressividade do momento. Alguns dos passageiros estavam visivelmente perturbados com o que se estava a passar, enquanto que o avião continuava a ser sacudido vezes sem conta, como se fosse uma folha de papel ao sabor do vento.
O senhor Y na impossibilidade de continuar a ler, mantinha-se calmo em seu lugar.
O senhor X agarrava-se ao assento, como se o sinto de segurança fosse insuficiente, olhou de soslaio para o seu vizinho e ficou admirado com a calma que ele apresentava.
Aos poucos a turbulência foi passando, até que tudo voltou ao normal.
O senhor Y voltou a pegar no livro de capa preta e prosseguiu a sua leitura, como se nada tivesse acontecido.
Foi então que o senhor X disse: notei que você tem nervos de aço! Pois não se perturbou em momento algum.
– Nervos tenho, mas de aço? Veja, situações destas percebe-se que não são fáceis de ser vividas, mas acontecem. Respondeu o senhor Y
Sem dúvidas que a melhor maneira agir, é permanecer calmo.
– Que livro é esse que você esta a ler? Perguntou o senhor X
– É a Bíblia. Respondeu o senhor Y
Quer saber o que estava a ler? Pois era precisamente isto: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Todo-Poderoso descansará. Direi do Senhor:
Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio. Porque ele te livra do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobre com as suas penas, e debaixo das suas asas encontras refúgio; a sua verdade é escudo e broquel. Não temerás os terrores da noite, nem a seta que voe de dia (Salmos 91:1-5)”.
Sabe, encontrei mormente nestes versículos paz e a segurança, para me ajudar a passar esta adversidade. Enquanto a tempestade se fazia sentir, eu ia refletindo sobre a soberania de Deus sobre todas as coisas. Por isso, de nada me valeria entrar em pânico.
– De qualquer modo, o avião poderia estar sujeito a despencar por força da tempestade, afirmou o senhor X.
– É verdade! Só, que eu acredito na vida eterna, como promessa efetiva que o Senhor tem para cada um que o aceite como Senhor e Salvador.
E foi nessa conformidade que a minha tranquilidade foi além o problema por que passamos; por saber que o Senhor cumpre com a sua promessa.
Os bens materiais são perecíveis, enquanto que a espiritualidade em Deus é bem imperecível. Não é bem que se compre, ou se adquira por mérito próprio. Mas, porque Deus nos ama, Ele se doou em morte de cruz por cada um de nós, e ressuscitou ao terceiro dia em vitória sobre a morte.
Veja só: – eu percebi que você tem um negócio entre mãos, provavelmente vai a Nova Iorque faze-lo. Se o avião se despenhasse, todo o seu projeto terminava em si! É verdade que outros poderiam executá-lo; mas você, não! Enquanto que os que creem além esta vida, não deixam de estar sujeitos a factos como humanos que são. Mas, são herdeiros dos bens celestiais; na qualidade de filhos de Deus. E essa é a verdadeira vitória.
Entendeu?
– Na verdade, estou um pouco confuso. Diga-me: você não valoriza a sua vida, enquanto existência física?
– Claro que valorizo!
Eu não sou o super-homem. Quando doente sofro como qualquer outra pessoa, pelo que cuido da minha parte física e consequentemente do bem-estar emocional.
Contudo, a vida foi-nos concedida por Deus. E como tal, eu tenho que a preservar como tal. Não a posso destruir, sob pena de estar a menosprezar obra de Deus. Além de que, quem aceita o Senhor o seu corpo passará a ser templo do Espírito Santo, lugar onde Ele fará morada. Sendo que esse lugar não pode ser profanado pelo pecado.
Isto é: todos somos pecadores; mas o crente arrepende-se e procura evitar a constância no pecado. Porque o Espírito Santo o avisa do pecado, da justiça e do juízo.
Mas, voltando ao que me perguntou inicialmente, sobre a minha calma? Normalmente quem tem fé, percebe que nunca está só. A sua calma está escorada em Deus em todos os momentos. E como tal, é mais fácil encarar-se as adversidades sem grandes exteriorizações. Por se acreditar que Deus está no controlo de todas as coisas, e que garantidamente a nossa vitória final está na eternidade com Deus.
A bíblia define assim, a fé: “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. (Hebreus 11:1)”
– Se me permite, eu gostaria de dar-lhe a minha bíblia. Ela não é nova; mas as mensagens que aí estão, se as ler, constituirão bênção para a sua vida.
Graça e Paz!
Be First to Comment