Em tempos de proliferação de ordens religiosas em meio dos evangélicos, por vezes somos confrontados com formulações mal concebidas por deficiente compreensão doutrinal, que levam a que crentes queiram avaliar a forma como os outros adoram ao Senhor.
E lá vem a conversa: o teu problema é que frequentas uma igreja fria, morna, quente, quentíssima, e, blá, blá, blá…
A grande questão é que essas pessoas descontextualizam a mensagem dirigida à igreja de Laodicéia, que se acomodara numa atitude de soberba tendo em vista os bens materiais, em prejuízo dos bens espirituais. E nessa confusão entendem os tais, que ser quente, frio, ou morno, tem que ver com a forma mais intimista, recolhida, introspetiva, ou espalhafatosa de se adorar a Deus. Ora, esse não era o problema da igreja de Laodicéia! A verdadeira questão era o materialismo que estava a sufocar os valores espirituais dos crentes.
A determinado momento quando Jesus estava em Sicar perto das terras que Jacó dera a seu filho José, assentou-se o Senhor junto de uma fonte quando apareceu uma mulher Samaritana, e Jesus aproveitou a oportunidade para entabular conversa com a referida mulher, pedindo-lhe água. E no prosseguimento da conversa a mulher diz a Jesus: “Nossos pais adoravam neste monte (Gerizim); vós (judeus), entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar”. (João 4:20) Porém, Jesus respondeu: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade”. (João 4:24)
Pelo que se entende desta passagem é que o problema da adoração não se confina ao lugar, nem ao modo pessoal de o fazer.
As palavras de Jesus “de que importa adorar a Deus em espirito e verdade” desafiam-nos para que essa adoração seja genuína. Ou seja, vinda do fundo da alma, com a participação ativa da consciência, das emoções, dos sentidos, de uma forma respeitosa ainda que se possa usar o canto, a fala; na forma individual, coletiva, silenciosa, com alegria, ou em sofrimento de acordo com o momento; e que tenha em conta que o Senhor é Deus, merecedor de toda a honra e glória. Porque o Senhor quer-nos rendidos a seus pés, tal como somos na nossa autenticidade, no respeito da nossa personalidade, e não numa forma camaleónica em que deixamos de ser genuínos.
Sendo certo, que não nos podemos esquecer que Deus abomina toda e qualquer prática idolatra. Ele, o Senhor, tem que ser a razão e o foco de toda a adoração.
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