Ainda sou do tempo em que cujo imaginário era supostamente estimulado pela visita do menino Jesus, que entrava durante a noite discretamente nas casas onde haviam crianças (que se portavam bem) para depositar sobre os sapatos que eram previamente escovados e engraxados e deixava uma prendinha precisamente em cima dos sapatos.
Logo de manhã muito cedo, corríamos a ver as prendas, fosse um par de meias, um saquinho de caramelos, uns calções, ou um qualquer brinquedo. Claro que ficávamos agradados com as prendas de uma tão agradável visita, com os nossos pais felizes por nos verem felizes e a participarem de toda aquela trama ilusória.
Na verdade, ainda que fosse um abuso o fazer acreditar uma criança que aquelas prendas eram ofertadas pelo menino Jesus. No entanto, para as crianças, a maravilha era o menino Jesus não se ter esquecido dos pedidos feitos ao longo do ano, arejados pela inocência de se ser criança. Era um dia deveras marcante e quando se era obsequiado com um brinquedo: ele era mirado, revirado, admirado e estimado, o centro de todas as atenções.
Porém, naquela época, a celebração do Natal não deixava de incorporar uma ténue componente espiritual, na medida em que os pais por vezes tinham que explicar qual a origem do menino Jesus.
Hoje em dia e passados todos esses anos, os pais regem-se por padrões avessos a tudo o que anteveja Jesus nascido em Belém, e muito menos que esse mesmo Jesus tenha vindo em missão salvífica da humanidade.
Assim, muitos desses assumem o Natal como um mero feriado cujo principal objetivo é o estímulo do comércio das prendas. E como tal, aproveitam para o emborcamento de muito álcool, muita comida, muita farra, e um vazio espiritual de todo o tamanho.
Ora, a bíblia é um conjunto de sessenta e seis livros que direcionam a atenção para a criação, o pecado e suas consequências, o anúncio do remidor, a vida e obra de Jesus Cristo como salvador da humanidade, e a presença do Espírito Santo que é a constância do Deus connosco.
Assim, para escrever sobre o nascimento de Jesus, sirvo-me de Miquéias (5:2) um profeta provavelmente contemporâneo de Isaías que referiu o seguinte: “Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saìdas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.
Em consonância com Miquéias, o profeta Isaías (9:16) também anunciou da seguinte forma: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz”.
Decorreram cerca de setecentos anos para que se cumprisse as profecias, e em Mateus (1:20-23) descreve o nascimento do seguinte modo: “… José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo; ela dará à luz um filho, a quem chamarás Jesus; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado Emanuel, que traduzido é: Deus connosco.”
Ora bem, é isso que a bíblia ensina e eu acredito, sendo que é essa a vontade de Deus restabelecer a afinidade com a humanidade.
A festa do Natal é uma festa espiritual, onde o amor, a fraternidade, a simplicidade, a partilha, o respeito, a alegria e a camaradagem são parte integrante da celebração natalícia, com causa num menino que se fez homem e aos trinta e três anos de idade sofreu de morte de cruz e ressuscitou ao terceiro dia em prol da humanidade.
Sem nascimento, não havia cruz; sem cruz, não havia ressurreição; e sem ressurreição, não havia salvação. Tudo teve o seu tempo; tudo teve o seu propósito; tudo Deus fez pela humanidade.
Graça e Paz!
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